quinta-feira, 21 de abril de 2011

As relações

Numa sociedade cada vez mais egocêntrica e narcisista, dou por mim a pensar no sucesso ou fracasso dos relacionamentos e nos factores que conduzem a um e a outro.
Devo dizer que sou um pouco descrente do amor eterno, aquele que nos une a alguém por uma vida. Passado o tempo da sedução, da descoberta da alma e do corpo do outro parece-me difícil que uma relação resista à previsibilidade dos gestos, das atitudes, das reacções. Noto, por aquilo que observo, que o lado negro (intrínseco a cada um de nós) começa a assumir uma importância maior na relação e a sobrepor-se de forma suave às qualidades que uniram as pessoas. Depois, as exigências e os compromissos assumem protagonismo na vida de cada um e esquece-se o tempo para o copo de vinho tomado a dois, para a sedução e a (re)conquista.
Nem sempre é assim estarão vocês a pensar neste momento. Com legitimidade, presumo, pois há casais que se mantém unidos toda uma vida. Foram esses os que se deram ao trabalho de cuidar da relação, ou então os que aceitaram a mudança dos sentimentos com resignação e conseguem viver numa cumplicidade terna, pois essa acredito que perdure.
Os outros, permanecerão, julgo eu, na busca incessante da relação perfeita. E essa, pergunto, alguma vez chega?

6 comentários:

  1. Eu acredito que as relações humanas são como as flores- Têm de ser regadas regularmente para não morrerem.
    É claro que há alturas que nos esquecemos de as regar e outras em que esperamos que o outro a regue primeiro, mas com empenho, tenho esperança que haja relações bastante duradouras.
    Aceitar que elas não vão ficar sempre iguais é fulcral, pois nós vamos mudando, mas porque é que essas mudanças hão-de ser negativas? Se nós ficassemos sempre pelo sentimento avassalador do amor e paixão iniciais íamos morrer de enfarte bem cedo pois o nosso coração não ia aguentar tanta aceleração durante tanto tempo. Com calma começamos a desfrutar a calma do amor sereno e estável.
    Beijocas e bons amores

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  2. Não acredito que hajam relações eternas. Há sim, relações duradouras que se matêm à custa de muitas cedências, paciência,empenho e com amor. Nem sempre o amor é a solução para o que está mal mas, se não existir, acho que não há relação que sobreviva.
    Acredito numa relação onde as duas partes se esforçem para que a vida não se torne monótona e que lutem por manter o amor que as une todos os dias.

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  3. Acredito que "O amor é efectivo para os que dele cuidam"...conforme li num livrinho que me deram.

    Por muito que se busque uma relação perfeita ela tende a entrar no mesmo ciclo a que todas as relações dos mortais estão sujeitas.. passando pelos tais estádios que falaste...acabando o estado mais "empolgante", inevitavelmente entrará no estado "mais calmo", onde os defeitos ganham relevo, onde tudo é mais real. Aí temos a hipótese de continuar numa relação assim, aceitando a realidade e cuidando do compromisso assumido de fazer o amor perdurar, cuidando dele, sempre que possível, ou continuamos na busca incessante da paixão... cabe a cada um decidir.

    Beijinhos

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  4. Nada é perfeito...como tudo na vida, as relações precisam de ser cultivadas!

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  5. Olá Paula, como dizes existem as duas fases, mas eu acredito numa relação eterna, não só porque tenho exemplos na família mas porque acredito que o que vem depois da "dança" da sedução tem muito mais valor, como a pura intimidade, o companheirismo e a cumplicidade. Mas a busca desta paixão, como muito bem dizes, é eterna. :) Beijinhos

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  6. O que acontece Paula, frequentemente, é a falta de discernir o que é amor do que é paixão.

    Muitos casais casam-se apaixonados, a paixão é aquilo que fervilha, que parece tão necessária do que a respiração, mas que, com o tempo, vai esvaindo-se.

    E aí que entra o amor, o amor é algo mais calmo, mais tranquilo, mas não deixa de ter sua paixão em determinados momentos.

    Não sei, não sou casado, falo por experiências e confidências de terceiros que o são e muitos reclamam da rotina, do esfriamento da relação, alguns tem a bravura de até mesmo confessar que estão unidos por conformismo.

    Por esta razão, como você, sou cético as relações eternas. As verdadeiras. Por convenção são inúmeras e arrisco dizer que a maioria.

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